quinta-feira, 27 de abril de 2017

UM DOMINGO PELA "INVICTA"

Posted by Jorge Monteiro


Vista da Ribeira e rio Douro da Igreja dos "Grilos"
Um domingo de folga e ainda por cima solarengo é um excelente convite para um passeio em família. Sair das rotinas laborais e escolares e carregar as energias para enfrentar a segunda-feira que se aproxima a passos largos.

O local escolhido foi mais uma vez a cidade invicta. Cidade esta que parece que todos os recantos são dignos de registo, desde as ruas e ruelas, aos azulejos e ás diversas igrejas. O Porto sem dúvida está na moda, mesmo não sendo época alta, a cidade é literalmente invadida por turistas de variadíssimos países. Destacam-se dos demais a "invasão" pelos nuestros hermanos espanhóis. 

Há muito que planeava um passeio pelo Porto onde o tónico seria percorrer as lindas e movimentadas ruas, o comercio local, os monumentos e as suas igrejas. O ponto de partida foi na Praça da Batalha através do elétrico da linha 22. 

www.stcp.pt
A linha 22 faz o trajeto Batalha/Carmo/Batalha percorrendo grande parte da zona histórica do Porto. 

Igreja de Santo Ildefonso
Estátua de D. Pedro V

















Uma viagem custa 3€ mas vale bem a pena pois permite apreciar o património edificado da cidade através de um meio de transporte centenário, tomando como exemplo: O Teatro S. João, conjunto de edifícios da Avenida dos Aliados, Paços do Concelho, Edifício da Reitoria da Universidade do Porto, Igrejas do Carmo e Carmelitas, Centro Português de Fotografia, Torre e Igreja dos Clérigos, Livraria Lello, Estação de S. Bento, e zona comercial. 

Teatro S. João

Elétrico linha 22
Interior
A viagem terminou mais cedo do que esperado pelo fato de estar perto da hora de almoço. Saímos no Carmo e percorremos a pé por entre os diversos monumentos circundantes. Paragem rápida para uma hidratação numa das várias esplanadas. Seguiu-se a visita à Igreja dos Carmelitas. Igreja do séc. XVII que combina o estilo clássico com a influência do Barroco. Contigua à igreja dos Carmelitas temos a Igreja da Venerável Ordem Terceira da Nossa Senhora do Carmo, mais conhecida pela Igreja do Carmo, datado do séc XVIII. 

Igrejas do dos Carmelitas (esq) e do Carmo (dta)



















Destaca-se do interior destas duas igrejas a excelente talha dourada de estilo Barroco e Rococó nas capelas laterais e no altar-mor.

Interior da Igreja dos Carmelitas
De realçar na Igreja do Carmo a notável fachada lateral coberta por um painel de azulejo, com desenho de Silvestre Silvestri, que representa a Imposição do Escapulário no Monte Carmelo. O Escapulário é um símbolo de proteção da Mãe de Deus aos seus devotos e um sinal de consagração a Maria.


Painel de azulejos da Igreja do Carmo (https://sigarra.up.pt)

Painel de azulejos da Igreja do Carmo (www.flircks.com)
Continuando a pé podemos observar a Reitoria da Universidade do Porto que contempla o Museu de História Natural.


Reitoria da Universidade do Porto
Várias são os cafés e esplanadas típicas do Porto, algumas como muitos anos e com soberbas histórias para contar dos bons e velhos tempos de faculdade, dos quais destaco o Café "Piolho" como é carinhosamente tratado, embora o seu nome é Café Âncora D'Ouro. Reza a história que a origem do nome vem da convivência entre alunos e professores era um tanto ou quanto cerimoniosa, daí que alguém começou a dizer que era uma "piolhice".


Café Piolho, Porto
Café "Piolho" D'ouro (www.localporto.com)
Seguindo pela rua do carmo, damos de frente com um enorme edifício neoclássico (a precisar de uma roupagem nova devido à poluição), o Hospital de Santo António, datado do séc. XVIII.


Hospital Santo António

Hospital Santo António
Contornando o hospital entramos no jardim do Carregal, o qual apresenta um monumento dedicado a Abel Salazar (1889-1946), Prof. Catedrático de História e Embriologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Além de médico e professor, foi também investigador e pintor. 


Abel Salazar
Um dos objetivos desta jornada era conhecer o Museu Nacional Soares dos Reis e visualizar alguma exposição. Desta vez não havia nenhuma exposição que merecesse um olhar mais pormenorizado, ficando a visita pelo interior e jardins.


Museu Soares dos Reis
Interior
O Museu Nacional de Soares dos Reis é o primeiro museu público de arte do país, tendo sido fundado no ano de 1833 sob a égide do liberalismo.


Azulejos do interior

Jardim e lago
A viagem segui-se em direção ao Parque das Virtudes, um local escondido e meio secreto. Apresenta-se como um jardim vertical à qual acrescenta uma vista deslumbrante sobre o Douro, Vila Nova de Gaia e a Alfândega. 


Parque das Virtudes
Douro, Vila Nova de Gaia e a Alfândega
Seguindo pela Rua das Taipas damos com o chafariz do séc. XVIII com estilo neoclássico que abastecia as populações de Olival-Cordoaria.
 
Chafariz da Rua das Taipas

Virando para a Rua de Belmonte, encontramos o Palácio de São João Novo, datado do séc. XVIII, estando este fechado ao público, mas fica o registo da sua fachada principal. 


Palácio São João Novo
Um pouco mais à frente podemos observar a Igreja de São João Novo. Igreja que pertencia ao Convento dos Ermitas Calçados de Santo Agostinho, construída nos séc XVII-XVIII.


Igreja São João Novo
A hora já ia adiantada e uma paragem para almoço vinha mesmo a calhar. Não marcamos nada na esperar de ser surpreendidos pelo caminho. No entroncamento entre a Rua das Taipas e a Rua de Belmonte, avistamos um estabelecimento simpático e acolhedor, a Tasquinha do Bé. Decoração moderna mas sem desvirtuar a essência portuense. 


Naperon alusivo ao prato tipico: as sardinhas assadas
Tasquinha do Bé
Restaurante que faz a ponte entre o tradicional e as demais exigências da atualidade, nomeadamente no que concerne a alimentação vegetariana e sem glúten. Á boa moda do Porto, a grande maioria optou pela francesinha, prato desde algum tempo pertencente ao roteiro gastronómico do Porto.

Francesinha à Bé
Agradável surpresa, bem recheada de carnes e com um molho aveludado e suave. Não sendo a melhor francesinha do Porto, pese embora local sem dúvida a repetir. Para os miúdos as tostas foram uma excelente opção. 

Tostas
Com a francesinha nada melhor que uma boa sangria e cerveja a acompanhar. Preços dos pratos a rondar os 10 e 15€. Depois de retemperar as forças, mais um percurso ao reencontro com os demais monumentos no centro histórico. Para os apreciadores de marionetas, o museu é bem pertinho, mas desta vez não foi paragem. Ainda podemos observar comercio local com publicidade muito antiga...


Se virar-mos para a Rua de Ferreira Borges, vários monumentos de interesse nacional e público podem ser avistados, tais como: Mercado Ferreira Borges Hard Club), Palácio da Bolsa, Igreja Monumento de São Francisco, Instituto do Vinho do Porto, Oratório de São Francisco, Igreja Paroquial de São Nicolau e claro a Ribeira do Porto. Mas a opção foi continuar na Rua de Belmonte em direção ao Palácio das Artes e ao Edifício da Antiga Companhia de Seguros Douro.

Edifício da Antiga Companhia de Seguros Douro
Quem optar por uma refeição de autor pode sempre recorrer ao DOP, um restaurante de referência do recém Estrela Michelin Chef Rui Paula. 

Atualmente a Rua das Flores é uma das ruas mais bonita e viva da Cidade do Porto. Rua anteriormente ocupadas por nobres e burgueses, onde abundavam vários palacetes tais como a Casa dos Maias, dos Cunha Pimentel, Palacete Correia de Melo... Hoje em dia pauta por ser uma zona redesenhada e de cara lavada, onde a zona comercial e de esplanadas diversas são rainhas. A vontade é de entrar em todas elas... boa aposta do comércio portuense. 


Rua muito movimentada e com um ambiente propício a umas pequenas compras nas diversas lojinhas como a Mercearia das Flores com produtos nacionais de várias regiões do país, ou talvez parar para um irresistível churrito ou chocoKebab no Nut'Porto? ou na Chocolataria das Flores para um chocolate com vinho do Porto e uma torrada em pão de Mafra?, ou ainda, porque não, comer umas tapas e degustar um vinho na esplanada do Vinofino?

Rua das Flores

Na entrada da Rua das Flores podemos observar a Igreja da Misericórdia, edificada no séc XVI, reconstruída posteriormente segundo o desenho de Nicolau Nasoni, sobre influência do estilo Rococó.

Igreja da Misericórdia
Paredes meias com a igreja temos o MMIPO, i.e, Museu da Misericórdia do Porto (desde 2016). O percurso museológico pretende dar a conhecer a história da Santa Casa da Misericórdia do Porto, conhecer o passado da cidade, os seus benfeitores e a própria igreja. 


MMIPO
Precário: adulto 5€, estudantes, seniores (acima 65 anos) e utilizadores do Porto Card2,5€, família (4 elementos) 16€ e bilhete único (MMIPO + Torre dos Clérigos + Palácio da Bolsa) 12,50€.

Várias são as opções para passar uma tarde prazerosa e recheada de emoções, sabores e cheiros... mas a nossa viagem ainda vai a meio e em continua em direção à Sé Catedral do Porto, em que pelo meio encontramos a Igreja de São Lourenço, mais conhecida pela Igreja dos "Grilos". 

A Igreja dos "Grilos" foi edificada no séc. XVI em estilo maneirista. Esta designação surge após a expulsão dos jesuítas e posterior venda aos Agostinhos Descalços, mais conhecidos pelos Frades Grilos. 


Igreja de São Lourenço/"Grilos"
Nas imediações podendo encontrar de interesse público, o Museu Diocesano de Arte Sacra e Arqueologia, a Biblioteca e o Seminário Maior do Porto, o Paço Episcopal do Porto, Capela das Verdades e o Museu Municipal Guerra Junqueiro.  A paisagem avistada pela Igreja dos "Grilos" é simplesmente indescritível. 


Miradouro da Bataria da Vitória, Igreja Paroquial da Vitória e Igreja e Convento de São Bento da Vitória

Igreja de São Francisco, Palácio da Bolsa e Mercado Ferreira Borges
A Sé Catedral do Porto é um dos principais e mais antigos monumentos de Portugal. Estilo Românico, datada dos séc. XII e XIII, passando por várias reformas durante as épocas Gótica e Barroca. 


Sé Catedral do Porto
Sé Catedral do Porto


Depois de umas boas caminhadas pelo centro histórico do Porto, nada melhor que dar um pulinho à outra margem do rio Douro através do tabuleiro de cima da Ponte Luis I, que sem dúvida se fosse na altura das máquinas de rolo fotográfico, um só não chegada para abarcar tamanha paisagem idílica e deslumbrante...daí o Porto estar cada vez mais na moda. Só mais umas fotos...ok???





Ao longo da ponte observamos a Muralha Fernandina e na parte final podemos sempre visitar a Igreja e Mosteiro da Serra do Pilar.

Muralha Fernandina
Serra do Pilar
A descida deu-se logo a seguir por uma rua interior que veio dar ao largo da Ponte D. Luis I, a qual avistamos os pilares da antiga Ponte Pênsil. Por curiosidade a ponte Pênsil datada do séc. XIX, era também denominada de ponte D. Maria II, sendo esta suspensa que ligava as duas margens do Rio Douro.


Pilares da Ponte Pênsil
Com uma localização privilegiada, mesmo à saída do tabuleiro inferior da ponte D. Luís I, as Caves Burmester fazem a delicia dos turistas em busca do néctar mais conhecido do país, o Vinho do Porto. As caves estão renovadas proporcionando um convite para uma visita guiada e as respetivas provas de vinho. 
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Caves Burmester (www.porto24.pt)










O términos desta incursão familiar termina na Praça da Batalha, mas falta um subida íngreme que remete para 3 opções: a primeira é através da escadaria de Codeçal (Codessal), a segunda pelo Funicular e a terceira pela escadaria dos Guindais. 

Funicular
Foi praticamente um 50/50, os mais cansados seguiram a facilidade do Funicular, os mais fortes fisicamente (eheh) aventuraram-se pelos cerca de 265 degraus da escadaria dos Guindais. 

Escadaria dos Guindais

Esta escadaria está um pouco escondida que faz a ponte entre a ponte D. Luis I e a Praça da Batalha. Dos dois lados das escadas podemos observar a simplicidade das moradias com estendais de roupa. Por entre recantos chegamos à tão almejada pausa para uma cervejinha bem gelada e merecida na esplanada/café do Guindalense FC. Clube de bairro escondido no meio da freguesia da Sé com uma paisagem soberba sobre o rio Douro, o Cais da Ribeira e a Serra do Pilar. Por ser uma coletividade virada ao público não tem uma tabela de preços, mas vende um pouco de tudo e caseiros, desde francesinhas, a pães com chouriço e vinho a copo. 

Guindalense FC
E desta forma chegamos ao ponto de encontro, a Praça da Batalha. Está na hora de regressar a casa e preparar mais uma semana de trabalho. Mas tempo ainda para um registo fotográfico do antiga cinemateca do Porto, o Cinema Batalha.



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Antigo Cinema Batalha
Percurso registado pelo Google Maps, em que o trajeto da Praça da Batalha/Carmo realizou-se pela linha 22 do elétrico e o restante a pé.


Trajeto pelo Google Maps


Bons passeios... boas fotos e até breve


Bem hajam

1 comentário:

  1. Excelente roteiro! E as fotos estão muito boas.
    Não conhecemos o Porto como gostaríamos, quando vamos é sempre em jeito de escapadinha e com alguns planos. Temos que lhe dedicar alguns dias :D
    Bom post ;)

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