sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Museu Nacional do Pão...mais do que um Museu...Uma Viagem pela História do Pão



posted 09/12/2016

O Museu do Pão recria uma viagem ao longo da história do pão com uma matriz cultural, política, religiosa e artística... 




















Situado em plena Serra da Estrela, mais propriamente em Seia, na Quinta Fonte do Marrão.

Este projeto surge após uma visita do Dr. António Quaresma (Mentor e Fundador) ao mais antigo museu do pão da Europa, mais concretamente na Alemanha. A ideia de conceber um Museu do Pão em Portugal teve a sua génese em 1996, sendo concluído em 26 de setembro de 2002. Este museu é possivelmente o maior museu de pão do mundo, compreendendo um espaço de 3500m2. Em 2012 iniciou-se uma remodelação em comemoração da presença de 1 milhão de visitantes. | leia mais|


Biblioteca
Para a concretização deste gigantesco projeto privado foi necessário criar sinergias entre empresários, docentes e historiadores. A reunião do espólio ficou a cargo do Dr. Sérgio Carvalho (Diretor Científico) através da compra em antiquários, alfarrabistas, leiloes e doações. Emergem de imediato as seguintes perguntas: porquê em Seia? porquê privado?

As respostas são simples: é a terra natal do fundador e o fato de ser totalmente privado os visitantes são tratados como amigos e não como clientes. Este Museu tem como principal intuito homenagear em vida todas as profissões da terra e da panificação.

Bar

Mercearia
O Museu do Pão está organizado por pisos que contemplam: no piso -2 o Restaurante; no piso -1 a Sala do Ciclo do Pão; no piso 0 a Bilheteira/Loja, O Pão Politico e Religioso, a Ala Temática e o Ateliê Arte em Pão e finalmente no piso 1 o Pão na Arte, a Biblioteca e o Bar. No Exterior em grande destaque aparece uma mercearia típica com o que de melhor a Serra da Estrela tem para oferecer. 



O Museu do Pão contempla 4 salas expositivas: O Ciclo do Pão, O Pão Político, Social e Religioso, a Arte do Pão e o Espaço Temático.









Ciclo do Pão


O Ciclo do Pão é de conjuntura Nacional e não Regional, ou seja, envolve o país de norte a sul.

Nesta sala expositiva podemos observar e reconstruir o ciclo tradicional do pão português, através de catorze painéis ilustrados, assim como alguns utensílios e alfaias. O fundamento desta sala é recriar a antiga padaria portuguesa.
Este paneis surgem pela visão do ciclo do pão segundo o artista plástico nacional Velhô. Painéis estes com imensa cor que relatam os momentos desde o cultivo e ceifa do trigo até à confeção do pão. Nesta sala contam ainda 3 moinhos funcionantes.
Segundo Velhô: "Do semear ao benzer, um dos trabalhos mais nobres do Homem e um dos seus principais alimentos"

Muitas frases, dizeres e provérbios são proferidas e escritas nas paredes do museu, seguem algumas com o verdadeira e genuína sabedoria popular:
"mais vale lavrar o nosso ao longe, que o alheio ao perto"
"quando a Lua minguar, não deves semear"
"pão e vinho, anda caminho"

Muitos destes provérbios e dizeres eram replicados pelas fabricas produtoras de todo o tipo de louças.

O Pão Político, Social e Religioso

Pão Político

Esta sala representa mais de 300 anos de história ao acumular documentos escritos originais desde a restauração da independência (1640) até à restauração da democracia (1974). 

Existiram quatro épocas distintas na evolução histórica do pão em portugal: 

- O Regime Antigo(1640 a 1834)
- O Liberalismo e a Regeneração (1834 e 1910)
- A Primeira República (1910 a 1926)
- O Estado Novo (1926 a 1974)



Pão Religioso

O Pão simboliza para as diferentes ideologias religiosas como o cristianismo e o judaísmo, algo de sagrada e místico. Muitas crenças não oficiais associam o pão ao culto dos diferentes Santos.

Celebração do Pão de CRristo















Na religião Judaica, o Pão Ázimo (Matsa) é sobretudo consumido nos oito dias depois da Páscoa Judaica. Este pão não é fermentado (pressa dos Judeus de fugir do Egipto para a Terra Prometida)
A tradição do Pão Cristão tem a sua origem simbólica na última Ceia, quando Cristo oferece o pão aos seus apóstolos em representação do seu corpo. Desde esse momento é realizado sob a forma teológica a "Transubstanciação" do Pão em Hóstia em todas as Eucaristias.

Pão Social

Numa campanha da luta contra a fome aparecia o seguinte slogan: "se não podes fazer o milagre da multiplicação dos pães, faz o da divisão". 
Livro de Registo de Calotes
Esta campanha demonstra a enorme noção social da valorização deste bem essencial que é o pão para a sobrevivência das populações mais carenciadas. 
Existem vários documentos que exemplificam a necessidade de racionalização deste produto.

Racionamento do Pão na 2ª Guerra Mundial














Durante a 2ª Guerra Mundial, instalou-se uma crise socioeconómico envolvendo todos os países europeus, incluindo Portugal. As economias foram enfraquecendo repercutindo-se na produção e escoamento de produtos por falta de liquidez, aumento a divida das populações mais carenciadas.

Curiosidades:

Padroeira dos Panificadores - Rainha de Portugal Santa Isabel (1333, grande crise e fome terrível, empenhou as jóias da coroa por trigo para abastecer o celeiro real, tinha também o hábito de distribuir pães envoltos num avental e moedas aos pobres, sem consentimento do Rei)

Dia do Padeiro - 8 de Julho

Dia da Espiga ou Quinta-feira da Espiga - Também dia de Ascensão de Jesus ao Céu (Ressurreição - 40 dias depois da Páscoa), simboliza a abundância em cada lar (nunca falte pão). É um ritual pagão, muito anterior à era cristã, pelos qual se celebrava a primavera, consagrando a natureza que após os meses frios, trazia a promessa e esperança de novas colheitas.

A Arte do Pão

Nesta sala estão expostos vários objetos artísticos baseados na inspiração do pão, tais como as alfaias, tradições e labores como a azulejaria, vidro e a arte sacra, diplomas, cautelas, calendários...
Essa mesma arte também está espelhada nas fabulosas pinturas do artista plástico Velhô.
Velhô
Velhô














Espaço Temático

A quarta e última sala expositiva privilegia os mais novos, espaço temático e didático do ciclo do pão, envolvido de cultura e mito. As crianças são levadas a conhecer os gnomos Hérmios, protetores dos primeiros habitantes dos montes Hermínios. 






Neste espaço cruzam-se a história com a lenda, envoltas de muita magia e diversão. 






No final as crianças são convidadas a dar luz à sua imaginação e meterem literalmente a mão na massa para desenvolverem uma bolacha personalizada.


É importante salientar o enorme profissionalismo e simpatia de todo o staff que nos acompanhou durante esta mágica viagem pelo mundo do pão. 

No final a fome aperta e nada melhor que usufruir de um bom repasto no restaurante do museu. As iguarias eram mais que muitas e na impossibilidade de descrever todos os sabores, fica o registo em suporte fotográfico. 



Escolhemos o Menú que inclui um bufete de entradas (pezinhos de coentrada, peixinhos da horta, sardinhas de escabeche, favas com chouriço,...) um prato de carne (borrego com migas), um prato de peixe (arroz de polvo com ameijoas) e um bufete de sobremesas (papas de carolo, pudim de pão, leite creme, laminado de frutas,...). No vinho ficamos por um vinho maduro branco de Nelas. 


Bonne Appetite














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