quinta-feira, 21 de setembro de 2017

SANTA SUSANA - A ALDEIA ALENTEJANA MAIS AZUL E BRANCA

Posted by Jorge Monteiro



Igreja Matriz


A Aldeia de Santa Susana fica a escassos 15 kms de Alcácer do Sal, onde o silêncio impera e o tempo teima em não passar. Com cerca de 100 habitantes e pouco comércio é considerada uma das aldeias mais pitorescas do Alentejo.

Numa das minhas pesquisas pela Internet sobre lugares a conhecer antes de chegar ao destino final de férias, a Aldeia de Santa Susana surgiu como uma opção séria a ter em conta. Quer pelo ar singular e curioso das suas casas caiadas de branco com uma barra e molduras de azul forte, quer pelas grandes chaminés e a simetria geométrica da arquitetura. 

Estação de transporte
















A maioria dos habitantes são idosos que apreciam o sossego e a liberdade que a aldeia lhes proporciona. A Cervejaria Coelho é o ponto de encontro dos locais para se refrescarem , deitarem "faladura" sobre os temas políticos e de futebóis. 

Reza a lenda que Santa Susana...

 " Era uma menina que apascentava ovelhas, lia a Bíblia e ajudava os pobres. De pouco lhe serviu quando foi presa e levada e rastos pela Inquisição, onde a prenderam a um pau e queimaram-na viva. Morreu a rezar a Bíblia."

Os habitantes da aldeia sabendo dos milagres de Santa Susana, decidiram adotar o nome para a sua terra e mandaram fazer uma imagem da Santa para colocar no altar. Esta passou então a ser a padroeira da aldeia e a festa em sua homenagem realiza-se a 13 de Maio. 

No capitulo gastronómicos não se podem perder as iguarias típicas alentejanas como o ensopado de borrego, ensopado de enguias, a açorda de alho, o achigã frito, as migas com carne de porco e o arroz de cabidela. 

O património local contempla a Igreja Matriz, o cruzeiro com uma cruz de granito, uma ponte barroca submersa do séc. XVIII e um teatro comunitário. Ficam mais uns registos fotográficos demonstrativas desta aldeia considerada por muitos como a aldeia mais bonita do Alentejo.





Na envolvência da Aldeia de Santa Susana podemos encontrar a Barragem de Pego do Altar, obra hidro-agrícola, mandada edificar pelo Estado Novo, que para além de regar os arrozais do Concelho de Alcácer do Sal, constitui um espaço de descanso e lazer que convidam a passeios e piqueniques. 


É igualmente um local propício à prática de desportos náuticos como a canoagem, a vela, windsurf e pesca desportiva.  Aquando da minha passagem a albufeira estava em mínimos históricos dos últimos 5 anos, contando com restrições a alguns usos de água, construção de furos e pairava a possibilidade de trasladação dos peixes. 




Mas não só de património e cultura se faz uma visita e um passeio. Pausa para almoço e o devido descanso, pois o calor era infernal. O restaurante a Mondina está situado numo local bucólico, onde a sua histórias entrelaça-se com a história da Barragem do Pego do Altar. 

Nos anos 40 este local foi utilizado como uma Padaria e Cantina pelos trabalhadores da Barragem. Posteriormente nos anos 50 passou para Taberna e só nos anos 70 se converteu em Snack-bar e Mercearia já com o nome de Mondina. Há quatro gerações sobre a chancela da família Consciência, apostando sempre num atendimento caloroso e com um cardápio do que de melhor se confecciona na região do Alentejo. 



Dos peixes temos o ensopado de enguias, massada de peixe e os chocos fritos, nas carnes o destaque vai para o coelho à caçador, bochechas de porco no forno. Em épocas especificas podemos deleitarmos com uns caracóis. Nas sobremesas a sericaia é a rainha, mas o pudim à Mondina não lhe fica nada atrás. 

A título de curiosidade, Mondinas eram as mulheres que antigamente trabalhavam nas mondas, que consistia em arrancar à mão as ervas daninhas que podiam "estragar" o arroz nos campos de cultivo, especialmente nas margens junto ao rio Sado. 


Perante tantas e boas iguarias decidi abrir as hostilidades com uns estaladiços torresmos.


Quem aprecia torresmos sabe do que estou a falar, aquele som ao trincar, o sabor da gordura e a pingar...huuuummmm. Como prato principal a opção foi experimentar um dos ex-líbris da casa, o coelho frito. Este estava no ponto, macio por dentro e estaladiço por fora, bem acompanhado por batatinhas fritas sequinhas e crocantes. Só restaram mesmo os ossinhos...e bem limpinhos...ahah


A 2ª opção e não menos saborosa foram os choquinhos fritos. Estes não ficaram nada atrás do coelho, de comer e chorar por mais. Denota-se uma cozinha bastante familiar, caseirinha, com produtos de qualidade superior, acompanhada por uma exímia confeção na hora. Recomendo com nota 5 e em especial pela excelente relação qualidade/preço.


A vontade de comer estas iguarias fez com que não aproveita-se muito a beleza da paisagem, permanecendo sempre um olhar atento e fixo no prato. Mas para fazer a digestão nada melhor que uma bela caminhada até à Barragem, onde se pôde constatar o período de seca preocupante do suposto grande lago.


Após uma belíssima caminhada e como se diz na gíria, está na hora de "arrepiar caminho", desta fez em direção a Sesimbra, mas com uma curta paragem para contemplar o melhor miradouro com vista sobre a cidade de Lisboa, o Santuário Nacional de Cristo Rei em Almada...tema por outro post...

Para terminar deixo algumas notas informativas sobre o restaurante a Mondina: 
- Capacidade para 45 pessoas
- Preço a rondar os 14 euros pax
- Dia do descanso semanal é à quarta-feira
- Aceita MB e reservas
- O horário de atendimento ao publico é das 12h00 às 21h30
- Tem serviço take-away



Espero que gostem...um bem haja e até breve













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